segunda-feira, 25 de abril de 2011

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Justiça chilena ordena exumação do corpo de Salvador Allende

SANTIAGO — O juiz Mario Carroza ordenou nesta sexta-feira a exumação dos restos do ex-presidente presidente socialista chileno Salvador Allende para esclarecer se ele foi assassinado no golpe de Estado de Augusto Pinochet em 1973 ou se suicidou, como afirma a versão histórica.

O juiz ordenou a diligência depois de aceitar um pedido da família do ex-presidente e a exumação deve ser realizada durante a segunda quinzena de maio, segundo confirmou um porta-voz do Poder Judiciário à AFP.

Os restos do ex-mandatário, o primeiro e único marxista a chegar ao poder nas urnas, no dia 3 de novembro de 1970, serão analisados por peritos do Serviço Médico Legal chileno.

"Para mim parece relevante para o país e para o mundo que se possa estabelecer de uma vez por todas juridicamente as causas de sua morte e as circunstâncias que a envolveram, que foram de extrema violência", comentou nesta sexta-feira a filha do ex-presidente, a senadora socialista Isabel Allende, à televisão CNN Chile.

A investigação judicial para determinar as causas da morte de Allende foi aberta no dia 27 de janeiro, depois que a Procuradoria constatou que pelo menos 726 das mais de 3.000 vítimas que a ditadura deixou não eram objeto de investigação judicial, entre elas a de Allende.

"Não é que a família tenha mudado de opinião. Não é que agora tenhamos dúvidas que antes não tínhamos, mas apoiamos uma investigação judicial que nunca tinha sido feita", acrescentou Allende, indicando que seu pai se matou.

Depois da exumação, o corpo será submetido a perícias por parte do Serviço Médico Legal, destinadas a esclarecer as causas de sua morte.

"Isso vai permitir esclarecer definitivamente um aspecto que no curso da história não foi pacífico", afirmou a advogada da família Allende, Pamela Pereira, à AFP.

Allende foi submetido a uma necropsia no hospital Militar de Santiago depois de sua morte em meio ao bombardeio aéreo e terrestre ao palácio presidencial de La Moneda, em 11 de setembro de 1973.

Até agora a versão oficial indica que Allende se suicidou em meio ao bombardeio aéreo ao Palácio Presidencial de La Moneda na manhã de 11 de setembro de 1973, atirando contra a sua cabeça com um fuzil que havia ganhado de presente de seu amigo, o ex-presidente cubano Fidel Castro.

"Esse ato de tirar a própria vida não ocorreu porque naquela manhã o presidente Allende estava deprimido, foi resultado da extrema violência de toda a situação antes e durante o golpe", disse a senadora socialista chilena.

A declaração de seu médico pessoal Patricio Guijón -que esteve com ele momentos antes de sua morte aos 65 anos e viu o corpo- e a necropsia à qual foi submetido logo depois apoiam a versão do suicídio, aceita até agora no Chile.

Allende também havia advertido que estava disposto a morrer a se render às forças militares lideradas pelo general Augusto Pinochet.

Mas em 2008, um informe do renomado médico forense Luis Ravanal -elaborado com base na necropsia efetuada no ex-mandatário no Hospital Militar- afirmou que Allende não tinha se suicidado, e sim assassinado.

Em seu relatório, o médico ressalta que a morte de Allende teria sido ocasionada por dois tiros à curta distância de diferentes armas.

No dia seguinte a sua morte, os restos do ex-presidente Allende foram levados em um helicóptero para o Cemitério Santa Inés do balneário vizinho de Viña del Mar, onde foram sepultados diante de sua esposa, Hortensia Bussi, e de uma de suas três filhas.

Em 1990, após o fim dos 17 anos de ditadura Pinochet, seus restos foram levados para o Cemitério Geral de Santiago.

Isabel Allende confirmou que a família do ex-mandatário não viu o corpo após a sua morte. "Não deixaram minha mãe abrir o caixão", ressaltou.

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